sábado, 20 de fevereiro de 2010

Não longe, dobram os sinos...



Não longe, dobram os sinos...
Flores e dores,
e rostos encobertos por mãos trémulas
que escondem as gotas salgadas,
as lágrimas desesperadas
que correm sem cessar.
Murmuram corpos atordoados
e negros como a noite,
num silêncio assustador.
Longe a longe, ouvem-se gemidos,
vagos, enfraquecidos pelo cansaço.

Só em tristes horas se acalmam as almas,
e se unem e se amparam num tormento comum.
É a presença viva da morte
que nos faz parar e pensar
que o tempo não pára, não espera, não guarda.
O tempo é pássaro que voa
e leva com suas asas
tudo que parte do mundo faça.
E o homem é pó que, como o tempo,
voa nesta vida tão escassa,
que num piscar de olhos, passa...

Ana Silva

Turbilhão de palavras


Possuir mil ideias no coração
e não ser capaz de as libertar,
ter uma mente em turbilhão,
papel na mesa, caneta na mão
e nem uma linha conseguir traçar...

é ser ave sem asas,
mar sem maré,
homem envelhecido, já só e sem fé.
Uma dor de alma que consome
igual a moribundo que padece à fome.

É uma impotência, uma aflição,
uma ansiedade que leva à exaustão.
Um estado de alma triste,
espelho da dor que persiste,
de quem perdeu o chão.

Ana Silva